sábado, 30 de outubro de 2010

Aceite o Açoite

Algumas vezes o mundo resolve sorrir para você apenas para depois ficar rindo da sua cara quando o que te fez sorrir acabar.
Pessoas se achando inteligentes demais, ou íntimas demais, vêm tentar passar alguma lição de moral. Pessoas imorais.
Para que se enganar? Tentar mudar o imutável, o inefável, o inexplicável.
Não se pode vencer sempre e nem lutar para sempre. Não se pode ter o para sempre.
Na realidade, a melhor coisa a fazer é abraçar o seu destino. Aceitá-lo. E sem aquele clichê de "eu faço o meu destino". Também já tive esse pensamento e dele ou daquela época nada sobrou.
Do que eu fui nada restou. Para onde vou nada voltou.
Meu destino é procurar pela verdade na lonjura da solidão. Fui deixado sozinho a fim de descobrir meu caminho, um nunca antes percorrido, um caminho onde os carvalhos não crescem e o orvalho cai mais abundantemente quando a noite é mais silenciosa, molhando um solo que quanto mais fértil, mais imperdoável é o fracasso em cultivá-lo.
Simplesmente aceitar, e não, isso não é comodismo, não é preguiça, falta de força? Talvez, mas é preciso saber perder e conservar o pouco de dignidade que ainda lhe resta, e isso, meus caros, é amadurecimento. Conhecimento.
A vida é irônica, de uma forma tragicômica.
Um dia você olha para trás, olha para si, e, olha para frente e vê que nada é diferente. Nada será.
Nadar-se-há em si, onde você mergulha, borbulha, se orgulha, se encontra, se joga, evapora, se afoga: Solidão. Abraçado ao Destino, envolto ao Tempo que passa mas nunca muda.
Um dia as lágrimas hão de secar. Os dias que passamos sem prestar atenção, apressados e aflitos, dias de insegurança adolescente e do alegre tédio da infância, esses dias realmente têm um fim, mas o que quebrou continuará quebrado, e o relógio que marca o Tempo marcará a hora de acordar, mesmo que seja para o lado de lá. Cada um tem seu próprio momento para despertar, e as flores mais garridas são aquelas que florescem no frio.
Por mais que a gente tente, lute, se esforce, nunca vamos poder fugir do que nós somos nem fingir o que não somos. Encare isso. Pode não ser belo, mas pegue leve com a culpa. Nós não distribuímos o baralho, só jogamos com as cartas que caem na nossa mão, e nem adianta tentar puxar uma da manga. Nesse jogo não há como vencer.
E tudo se resume em quantas vezes você vai conseguir se levantar mesmo tendo tudo quebrado. O quanto você vai conseguir levantar. Quanta verdade você consegue suportar? E o que interessa, afinal?
O que tem interesse, isso sim, é aquilo que nossa mente guarda, aquilo que nossas vidas deixam no ar. A vida, feito uma fumaça, subindo em espiral pelo céu para se transformar em lenda.
Voe, Vida.

Um comentário:

Louise disse...

Um soco. O ar falta, e você grita, e me chacoalha: "Acorde menina!"
Calma, calma... Já estou acordando.