sábado, 13 de setembro de 2008

Dois patinhos na lagoa

"... Sempre sentira que era muito, muito perigoso viver, por um só dia que fosse."Virginia Woolf estava certa.A cada ano, nesse mesmo 13 de setembro, de sorte para uns, de azar para outros, tento fazer um balanço do que aconteceu na minha vida. Tento não me prolongar muito, não parecer muito depreminte, depressivo ou desprezível, mas é fato: não consigo fazer o balanço apenas de um único ano. O que eu sou (seja lá o que for) é fruto de uma vida e não apenas de 12 meses. Por isso acabo me prolongando mais do que deveria, às vezes falando mais do que deveria, às vezes não falando o que esqueci ou procuro esquecer. Doravante, sem mais delongas...
Sim, é verdade. É a data mais odiada do ano por mim. E cá estou eu no dia do meu aniversário de 22 anos, com o pé machucado, com o que me resta dos meus cabelos desgrenhados revelando fios brancos precisando urgentemente de uma hidratação a qual não farei por pura preguiça, com a barba por fazer a qual continuará assim por puro charme; fazendo algo que com certeza me deixará com peso na consciência depois: comendo uma pizza de quatro queijos, tomando uma Coca-Cola e pensando na vida ao som de música fossa.
"Pensar faz sofrer" Stendhal falava e "Pensar é que faz você morrer" já dizia Mitch Albom. E com razão. Fico a pensar nesses 22 anos e não tem um dia sequer que eu não deseje estar morto.Ah! Pensem o que quiserem. Viver pode ser prazeroso, mas para quem o saiba, ou possa. Chegar a 22 anos sem muitas realizações é vergonhoso, admito. E mais ainda é não ter perspectiva nenhuma para faze-las.
Em um dos meus aniversários terminei a minha reflexão com um trecho de um dos temas de Pokémon: "Eu quero ir onde ninguém foi e muito mais além". E "para poder chegar onde se quer, tudo depende de onde se esteja.". Pois é, não consegui ir muito longe, ainda não conheço o mar, e quando paro para pensar no que eu estou perdendo é o que mais me dói, nas coisas que eu gostaria de poder ver e não posso, não por estar cego, mas porque meus olhos nunca poderão apreciar tais belezas e tamanhas grandiosidades. Talvez por isso eu tenha essa visão da vida e não consiga enxerga-la como as pessoas gostariam que eu a visse com essa grandiosidade e esplendor. É o que mais dói realmente: ve-la passar e apenas acenar com o lencinho branco após enxugar as lágrimas.Muitos dirão para correr atrás, pois é, com perdão do trocadilho meus pés não estão em bom estado para correr no momento. "Mas a vida não é só esse momento, menino", muitos dirão. Será? Não é ela que passa num piscar de olhos? Sejam eles cegos ou não?Talvez eu não esteja só perdendo Tempo, perdendo a visão para as coisas boas que a vida nos proporciona, estou perdendo as pessoas, coisas que eu amo com o Tempo, ou para ele. Talvez já tenha perdido a razão a muito tempo. Talvez eu fique bêbado não para perder a consciência, mas para recuperá-la ao perder o controle, não da vida. esse eu nunca tive, mas de mim mesmo.Não é apenas por vegetar e não viver que digo que sou uma planta. Há inúmeros motivos os quais não serão discutidos aqui porque acho que já me prolonguei demais e nada falei. Viver é cansativo, muito mais cansativo que horário eleitoral gratuito com a infelicidade de nem sempre ser tão divertida.Nem sei por que ainda escrevo sobre o 13 de setembro, talvez escrever sobre o 11 fosse muito mais lucrativo. Seria pretensão minha ensinar alguma coisa. Irônico? Sim, absolutamente.
Quanto mais o Tempo passa mais eu deveria aprender coisas para passar adiante, mas acho que não estou aprendendo nada de bom ou que mereça ser passado adiante.
"Minha vida passou por passar..." Por favor, joguem minhas cinzas ao mar...
" O sentimento do homem de ser um estranho no mundo, leva a uma sensação de desespero, tédio, náusea, absurdidade e vazio".
Isso resume bem o que eu sinto.

Um comentário:

Anônimo disse...

Cara, gostei da maneira que retrata o que senti. Eu tenho 20 anos e como você há dois meses não conhecia o mar. O amor inclusive. Peguei um dinheiro, fiz algumas dividas e agora me sinto realizado, apesar da conta no banco me afundar.

Sim, a vida é deverás cansativa. Sim, o mundo é uma grande bola redonda que gira tediosamente. Mas sei que me salvo disso por fazer diferença a mim, e somente a minha pessoa.

Sei que sou um forasteiro tentando argumentar para alguém que não liga a mínima para as minhas palavras. Mas, calma, somos jovens.

Com um pouco de luta, o tedioso se torna brilhante.

Em certo ponto de minha vida duvidei disso. Mas certos acontecimentos me mostraram que o meu caminho apesar de tortuoso se mostra verdadeiro.

Adorei o blog, parabéns!
Abraço e te cuida!