terça-feira, 10 de junho de 2008

O VERMELHO E O NEGRO - Stendhal


Sinopse

Somente décadas depois de sua morte, Stendhal veio a ser plenamente reconhecido como um dos maiores romancistas da metade do século XIX. Ainda assim, a complexidade psicológica de seus personagens e suas penetrantes análises sociais influenciaram toda a literatura francesa posterior.

Stendhal é um dos mais célebres pseudônimos de Marie-Henrie Beyle. No início de sua carreira, seus romances foram recebidos com frieza, exceto por Balzac e Baudelaire. Seu estilo, ao contrário do excesso de ornamentos, valoriza o perfil psicológico dos personagens, a interpretação de seus atos, sentimentos e paixões.

O romance O Vermelho e o Negro (1830), sua obra-prima, tem como herói Julien Sorel, jovem ambicioso e sem escrúpulos, que é tido como um dos personagens literários mais fascinantes de todos os tempos.


Crítica

Há altos e baixos nesse livro. Em primeiro lugar: adoro os livros da Martin Claret como já deve ter dado de notar, são bons, são baratos e, apesar de não ser unanimidade, são bonitos. Porém, esta edição de O Vermelho e o Negro sofre de uma cruel revisão de texto que deixa passar alguns erros gramaticais, o que para um livro é um crime, mas são erros mínimos e nada que o prejudique.

Em segundo lugar: o termo "herói" pra definir Julien Sorel só mesmo se for em relação a ser o personagem principal. Há poucas, ou nenhuma atitude heróica no caráter de Julien, um pobre camponês de constituição frágil e de uma beleza quase andrógina que é odiado pelo pai e os irmãos por não ter habilidade com trabalhos pesados e passar seus dias lendo e estudando. Julien é ambicioso, deseja de qualquer modo subir na vida e não mede esforços para galgar a posição que almeja, seja na carreira eclesiástica, militar ou seduzindo mulheres ricas nem que seja preciso fazer parte de uma aristocracia que tanto despreza.

É realmente difícil de definir, mesmo no final do livro, qual foi o seu verdadeiro amor, se é que realmente amou alguém verdadeiramente um dia. Apesar de o próprio confessar que a Senhora de Rênal foi seu primeiro e único amor é inegável seus sentimentos por Mathilde de La Mole, independentemente disso, nenhum de seus amores foi realmente puro.

Apesar de, ao meu ver, ser um anti-herói, é quase impossível não se sensibilizar com Julien. A narrativa de Stendhal, na época, é única no gênero romancista e porque não dizer romanesco. A supressão de descrição de características físicas como o cenário e os trajes dos personagens e a importância que Stendhal dá às características psicológicas de seus personagens é o que realmente prende a atenção do leitor. Colocando-se como um narrador onipresente, Stendhal nos revela os mais profundos segredos e sentimentos de suas personagens, mostra a hipocrisia do ser humano seja lá a qual classe social pertence, a sua mesquinhez e individualismo, a desvalorização de princípios morais, o orgulho, suas traições e culpas, o que são capazes por amor, por ciúme, por ódio, por dinheiro ou pelo simples sadismo.

O final do livro é realmente excelente, apesar da notável pressa com que tudo termina, chega a parecer que Stendhal queria terminar logo o livro, o trágico fim de Julien que termina por ser uma vítima de sua própria ambição; a atitude de Mathilde, que muitos julgariam loucura, e a meu ver foi a mais profunda demonstração de amor e dedicação; e o comovente fim da Senhora de Rênal fecha com primor uma estória que fica gravada em nossas mentes num vermelho tão vivo quanto o sangue e num negro tão profundo quanto o luto.


Nota

8 estrelas

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Um comentário:

Anônimo disse...

tenho vontade de ler esse livro!!!