terça-feira, 21 de outubro de 2008

Ah!

Então pessoas, vamos falar do assunto do momento, pois é, esse mesmo que você já tá cansado de ouvir falar, afinal, agora, Eloá é o que há, ou era, ou havia, ah, enfim, falemos do novo espetáculo!
Alguns meses atrás vim aqui criticar o circo que fizeram no caso Isabela, e como eu já tinha “prevido” não demorou muito para o caso ser esquecido, vê se ainda falam alguma coisa, foi só esperar mais um pouquinho pra surgir a tragédia do momento e os holofotes serem voltados pra lá.
É ridículo, eu sei, mas é humano.
Não vou me estender falando novamente do papel da imprensa nisso tudo, Sônia Abrão, Brito Jr. e outros foram se meter a negociadores entrevistando o bandido ao vivo e deram a ele mais um pouco de fama e garantiram para si mais um pouco de ibope. Não, o mais ridículo foi Sônia Abrão, uma jornalista com anos de experiência, formada pela Pontifica Universidade Católica de São Paulo, passar a mão na cabeça do marginal: “Eu sei que ele é uma boa pessoa, é um rapaz de família, tem dois empregos, não bebe, não fuma, blablabla”. Não bebe, não fuma, só sequestra de vez em quando, né, Dona Sõnia? Rapaz de familia é? Suzane Richtofen (não sei escrever esse nome) também era uma moça de família, de uma boa família, diga-se de passagem, pergunta para os pais dela se eu to mentindo...ops...
É interessante ver como isso se desenrola, pensam que acabou? Que nada! Enquanto esse assunto vender e as pessoas não satisfazerem sua sede de fofoca isso vai render, e muito. Não me admiraria nada se Estrela fizesse uma boneca Eloá. “Compre agora mesmo sua boneca. Acompanha bala para se colocar na cabeça”. Ou então a Mattel lançasse a Barbie Eloá. “Nayara. Sua amiga vendida separadamente”. Agora, Farei minhas “previsões”: O bandido vai morrer. Um belo dia vão chegar na cela dele e encontrar o corpo do defunto morto que já faleceu, ou enforcado, envenenado ou assassinado pelos outros meliantes, caso não esteja em cela separada. O quê? Não acreditam, oras, o próprio povo teria linchado o cara se pudesse, e ai de quem esteja lendo isso aqui e venha querer dizer que não tenha pensado: “Deviam ter matado esse FDP logo!”. Se até eu pensei! To me rendendo. Pronto, falei, não tenho vergonha de nada. u_u. E ai de que venha algum defensor dos direitos humanos vir me encher a paciência defendendo esse serzinho.
Mas não pensem que eu vou fazer também como toda a imprensa ta fazendo, como o povo que conhecia, ou dizia conhecer a guria ta fazendo, morreu, agora só tão falando bem. Ah, poupem-me, canonizem logo a menina, então! Olha, gente, a menina começou a namorar o meliante com 12 anos de idade! 12 anos!!!! Isso lá é ser inocente?? Eu com 12 anos tava fazendo Pokémon de Durepox para brincar! Tá, ela foi vítima de uma tragédia, mas quem mandou ela se meter com quem não devia? Da primeira vez que esse vagabundo tivesse sentado a mão nela, ela tinha que ter ido a polícia. Se a Eloá tivesse comunicado a polícia, isso nunca teria acontecido, né, Pica-Pau?
E a polícia? Vamos combinar, acho que eles tão disputando com a impressa para ver quem ganha no quesito trapalhada. É essa a polícia que temos, fazer o que? Despreparada, atrapalhada, sucateada, enfim, coisas que a gente já vem sabendo a anos e que em 2000 se tornou mais público ainda – graças a fabulosa imprensa – no caso do ônibus 174, no Rio de Janeiro. Por falar nisso, vocês repararam que um joga a culpa para o outro? A imprensa fala do despreparo da polícia, e a polícia diz que a imprensa atrapalhou as negociações. Tanto faz agora, acabou tudo mal mesmo. Menos, é claro, para quem recebeu os órgãos da menina.
E os órgãos da Eloá que foram doados, que bela ação da família, né, gente? Nossa, me comove tamanha generosidade. Ainda teremos reportagens especiais daqui a um tempo com as pessoas que receberam cada um dos órgãos doados, vocês vão ver. Talvez até lancem aquele brinquedo :”Operação” no formato Eloá. Sabem? Aquele brinquedo que você tem que fazer cirurgia nos órgãos sem tocar com a pinça em determinado lugar? Não sabem? Égua, gente, vocês não tiveram infância, não? Quem mandou começar a namorar tudo cedo! ¬¬'
E vocês viram o enterro dela hoje? 10 mil pessoas acompanhando. Minha gente, acho que nem o enterro da Dercy Gonçalves que foi um acontecimento muuuuuuuito mais importante, afinal, descobrimos que ela não era o Mun-Ra, o ser eteeeeeerno, tinha tudo isso de gente. Fico a pensar: 10 mil pessoas, 10 mil desocupados, 10 mil desempregados, será? 10 mil curiosos, oras, façam-me o favor, não venham querer me vender a idéia de solidariedade do povo brasileiro que essa eu não compro e não troco nem por uma Barbie Eloá. A curiosidade é algo inerente do ser humano. Pena que só mata os gatos.
Quanta palhaçada, vou te contar.... humanos...aff...

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Que coisa feia, tsc tsc

Sabe quando te pegam fazendo algo que você não devia tá fazendo?
Pois é, é engraçado né? Além de constrangedor, obviamente.
Há vários tipos de reações, as do tipo indignada e falsa moralista "Mas o que é isso?!"; a do tipo estética "Que coisa feia, tsc tsc"; a do tipo religiosa: "Oh Meu Deus!"; a do tipo já vi de tudo na vida "Pff.." a do tipo metódica: "Mas em cima do meu tapete?!" a do tipo que enfiou o dedo na tomada: "Estou chocada!", a do tipo protagonista de novela mexicana: "Oh! Rodolfo Augusto! Como podes ser capaz de ato tão vil, nefasto e degradante como este!"
Enfim, há tantos tipos de surpresas e tantos tipos de reações que se fosse enumerar aqui ficaríamos todos com a expressão de um dia de domingo assistindo Faustão, Gugu e genéricos...
Então, fora a vontade que você tem de que um buraco do tamanho do metrô de São Paulo se abra e te engula, o que mais você sente? Alguns talvez não sintam nada, outros talvez sintam-se realizados em quebrar certas regras hipócritas criadas por uma sociedade mais hipócrita ainda, ou talvez por terem quebrado suas próprias regras, seja lá quais forem.
Vocês sabem, Oscar Wilde já nos dava o exemplo em O Retrato de Dorian Gray: "Há pecados cuja recordação fascina mais do que o ato de praticá-los, triunfos singulares que lisonjeiam o orgulho mais do que as paixões e dão ao espírito mais prazer do que deram, ou poderiam causar aos sentidos." Absolutamente de acordo. Cometer erros não serve apenas para você aprender com eles, algumas vezes cometer erros é a melhor forma de acertar as coisas. Às vezes esses erros tiram o céu dos ombros de Atlas, ou mundo das suas costas, como queira. O fato é que dizem que só a morte te liberta, apesar dela ser a única coisa realmente certa na vida, às vezes é um erro que te libertará. Até de si mesmo.
Talvez o certo mesmo seja errar, afinal ninguém pode acertar sempre, se pudessem não seriam humanos, seriam Deus, logo vocês não existiriam e entre erros e acertos uma hora você consegue ver que "somos castigados por nossas renúncias. Cada impulso que tentamos aniquilar germina em nossa mente e nos envenena. Pecando, o corpo se liberta do seu pecado, porque a ação é um meio de purificação. Nada resta então a não ser a lembrança de um prazer ou a volúpia de um remorso. O único meio de livrar-se de uma tentação é ceder a ela.
Se lhe resistirmos, as nossas almas ficarão doentes, desejando coisas que se proibiram a si mesmas, e, além disso, sentirão o desejo por aquilo que umas leis monstruosas fizeram monstruoso e ilegal".
Tá, pra quem acha que Oscar Wilde não é um bom exemplo a ser seguido, observem o que disse José Saramago em Ensaio sobre a cegueira: "Se antes de cada ato nosso nos púsessemos a prever todas as consequências dele, a pensar nelas a sério, primeiro as imeditatas, depois as prováveis, depois as possíveis, depois as imagináveis, não chegaríamos sequer a mover-nos de onde o primeiro pensamento nos tivesse feito parar."
E isso sim é certo.

E as eleições, pessoas? Erraram muito?
Tudo bem, errar é relativo. Errar é bom! Mesmo quando as consequências não o são.